quinta-feira, 20 de junho de 2013

Clamor (amor) popular

Com o advento das redes sociais, o que antes era público se tornou privado. E vice-versa. O que se comentava entre quatro paredes ganhou os quatro cantos do mundo. O mundo virou uma aldeia global, sim, como já se previra. E a aldeia virou o mundo! Todos falando com todos, argumentando, debatendo e postando. O mundo ficou pequeno e a informação, universal. Assim, a rua ganhou o lar. As vozes se multiplicaram, da forma mais simples possível. Fulano opinava sobre a situação da sua rua ou de algo que lhe afetava socialmente. Beltrano lia a opinião de fulano, e acrescentava mais algum dado, pertinente ao assunto. Assim, a informação cresceu exponencialmente e a consciência despertou, coletivamente. E o impensável aconteceu: o Brasil, um país de dimensões continentais e, por isso mesmo, facilmente manipulado por uma política feita de interesses escusos, se reuniu em torno das suas queixas. Não geograficamente, o que seria impossível. Mas ideologicamente. As queixas iniciais, somadas às demais que se seguiram, viraram indignação. Viraram clamor e manifestação. Como uma equação matemática, ou um fenômeno da física, algo se agigantou. E não coube mais nos lares. Se a rua ganhou os lares, por força das redes sociais, os lares ganharam as ruas! Todos obedeceram à convocação: vem pra rua! Vem pra rua! E foi bonito, foi lindo! O povo marchando nas ruas, mostrando a cara. Dando a cara a tapa. Mostrando que existe! Sim, existe, e não apenas para pagar impostos em nome de segurança, saúde, alimentação, moradia e educação, sempre insuficientes. O povo existe, mas não é apenas um dado demográfico. Não é uma abstração! Tem sangue nas veias e indignação no espírito! Povo que não foge à luta, e se cansou de ver tanto desmando, tanto deboche, tanto achincalhe e tanta humilhação. Mais de 100 milhões de brasileiros em ação! Como se diz na dialética, tudo no mundo contém o seu oposto. Sim, o quente é quente, até virar frio! A fome é fome, até virar saciedade! O belo é belo, até virar feio, e vice-versa! E o povo brasileiro, antes cordeirinho, virou leão! Um leão composto por 100 milhões de corpos, mas com uma só cara: indignação! Chega de roubalheira, de desonestidade e de podridão! Ordem e progresso? Não! Ordem e acesso! República, coisa pública! Política com P maiúsculo! E os interesses privados e ilícitos, vão para a privada! Pois uma nação se faz de homens, e mulheres, que se respeitem para serem respeitados! Brasil, mostra a tua cara! E ele mostrou! Linda, linda e linda!

terça-feira, 11 de junho de 2013

Dia dos Desapegados

Hoje, 11 de junho, é véspera do Dia dos Namorados. E a maioria das pessoas fica mexida com essa data, bombardeada pelo intenso apelo comercial. Todos querem ser amados! Isso é próprio do ser vivo. Porém, amar é para poucos. Pouquíssimos. Nem todos sabem realmente o que é o amor. Uma pessoa vivida, experiente em relações amorosas, pode apregoar vaidosamente que já teve ou conheceu amorosamente 200 mulheres (ou homens). E pergunto: e daí? Isso significa que ela soube amar cada uma dessas 200 pessoas? Não! Claro que não! Na seara afetiva, quantidade não rima com qualidade. Pelo contrário! Pois o sujeito pode ter esposa, amante, teúda e manteúda e ficantes, mas não amar nenhuma delas! Só ama a si próprio! E as ligações amorosas são apenas uma extensão do próprio ego. Ele tem a técnica de sedução, é gentil, cavalheiro, bom de cama etc., mas não sabe amar! Pois, para amar, é preciso emoção. Não se trata apenas de satisfazer uma necessidade fisiológica. É preciso entrega, comprometimento, dedicação e uma boa dose de loucura! Se não, é como se beijar na boca, de olhos abertos! Querendo ver o que não pode ser visto! Querendo racionalizar o que não pode ser racionalizado! E essa falta de entrega do coração explica tanto desinteresse, indiferença e calculismo. Pois o amor entra no rol dos interesses pessoais: sim, vou me casar com fulano ou beltrano, pois ele tem status, bom nível socioeconômico ou é famoso. Isso não é amor. É interesse. Já houve casos famosos de criaturas que largaram tudo para viver um grande amor. Reis que abdicaram do reinado e de todos os privilégios. A literatura e a vida real estão repletas de casos assim. Eles amaram, sem dúvida. Cometeram loucuras e pagaram o preço para viver seu amor. Pois o verdadeiro amor é incondicional. O resto, é somente um jogo de interesses!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Oração da serenidade

Serenidade é um estado de espírito que deveria estar sempre em nossas vidas. Deveria! Mas, na prática, é algo extremamente raro! Tão raro, que existe a oração da serenidade. Nela, se faz uma súplica para se saber como agir. Nesse mundo em que, por definição, tudo é inconclusivo e nada é definitivo, a serenidade é um estado de espírito fugaz. Pois despertamos, todos os dias, para refazer tudo o que fizemos na véspera e foi desfeito, pela ação inexorável do tempo que, na definição de Machado de Assis, é "o grande rato roedor de todas as coisas". Assim, todos os dias temos roupas para lavar, alimentos para preparar, objetos a arrumar e decisões a tomar. Novos desafios, sempre. Os antigos também permanecem. E o viver vira um eterno fazer e refazer do essencial para a vida, além, é claro, da busca pela felicidade. Só que aí a coisa complica: ela não depende apenas de nós. Depende também do que ocorre conosco, de como seremos afetados pelas ações de quem convive conosco diretamente e até pelas atitudes de quem não convive conosco de forma tão próxima, mas a quem nos subordinamos, sejam por vínculos sociais, familiares, profissionais, hierárquicos ou políticos. Isso tudo, sem esquecer as consequências de fenômenos meteorológicos ou de acidentes da natureza. E o tempo vai passando, e a vida se esgotando. Pelo menos, a material, com validade determinada, embora desconhecida. E, assim, depois de tanta filosofia, me aproprio do pensamento do professor Júlio Pompeu, tão pertinente à serenidade: Devemos amar a vida pelo que ela é. Não devemos amar a vida pelo que ela não é! Aceitando, o que não puder ser modificado. E transformando, o que puder ser transformado. Simples, assim. O importante é saber a diferença entre os dois!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Rede social, teu nome é intolerância!

Vivemos na era da participação. Sim, já saímos da era da informação. Hoje, tudo se resume a participar, opinar, filmar, fotografar e postar. Postar? Sim, pois postar é o termo cibernético que significa "publicar" em uma rede social. Até aí, tudo bem. Nossas vidas estão muito mais interessantes, pois ganhamos acesso a pensamentos, opiniões, fatos e costumes alheios, antes compartilhados apenas no círculo de amigos dos envolvidos.
Pois bem. O que não se mede, inicialmente, com tamanha fertilidade de ideias e postagens, é o que vem como contrapeso. Sim, há um preço a pagar por todo esse maior conteúdo informativo e emocional. Pois ele traz a intolerância, ou seja, a incapacidade de aceitar as diferenças, próprias de toda e qualquer comunidade biológica. Aí, surgem os ataques, as provocações, a censura e até o bullying. Depois da perversão, a própria noção de comunidade entra em perigo. Fica desvirtuada. Afinal, comunidade é "qualquer grupo social cujos membros habitam uma região determinada, têm um mesmo governo e estão irmanados por uma mesma herança cultural e histórica". No caso do ciberespaço, a região seria virtual, e não geográfica, o governo seria o bom senso e a herança, sim, essa seria o legado dos valores e da história de todos. Tudo isso se desmorona, a partir do momento em que se começa a julgar o outro, que postou algo numa rede social, da forma mais correta possível, fazendo uma pergunta técnica numa comunidade de profissionais. Note-se bem: o único "problema" da postagem foi usar uma gíria, na forma de tratamento à comunidade. Pronto! Bastou a gíria para ferir suscetibilidades. Porém, a comunidade, em suas regras de funcionamento, nunca havia proibido o uso de gírias! Enfim, é intolerância pura! Esse tipo de comportamento é o oposto do próprio conceito de internet. Isto é, um território livre, descentralizado e de acesso público, segundo o Aurélio. O problema da intolerância nas redes sociais já chegou até a criar a delegacia de repressão a crimes de informática. Infelizmente, nas redes sociais também se combinam brigas e provocações! Pessoalmente, já presenciei três comportamentos intolerantes nas redes sociais, em três ou quatro meses. E concluo que, se a tecnologia avança, nesse admirável mundo novo, a sensibilidade e a humanidade retrocedem, infelizmente!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Era uma vez uma gata...

Uma gata linda e realmente muito especial. Muito amorosa, era o carinho em pessoa. E não era nem preciso conviver com ela para saber como era. Bastava olhar nos seus olhos, de um azul escuro e profundo. Neles, só havia entrega, doação, vontade de amar e de ser amada. Enfim, uma gata perfeita, boa, dócil e mansinha, além de linda, claro. Porém, ela é vítima da violência. Da violência de parte da sociedade dita civilizada, isto é, de marginais dessa sociedade. Foi chutada, quando era mais jovem. Fraturou a bacia. Houve a consolidação, claro, com o tempo. Mas só a consolidação ortopédica e não a anatômica. Ou seja, a bacia da gata é capaz de se articular para ela poder se movimentar, correr, pular, enfim, fazer o que os gatos saudáveis fazem.
Porém, a consolidação anatômica não ocorreu como deveria. A bacia da gatinha ficou com um desvio. E, assim, ela não consegue evacuar como deveria. Sim, ela ficou deformada! Mas não por culpa dela. Causaram nela essa deformidade! Monstros, vermes, canalhas e cafajestes. Pessoas (?) que têm o ânus no lugar do coração, pois não sabem o que é "coração". Sofrem de anusite, que é a doença de quem enxerga a realidade pela ótica do ânus. Com certeza, são mal-amados, são podres, impotentes sexualmente e incapazes de dar carinho e amor a quem quer que seja. Somente alimentam suas trevas, o desejo de ferir, espancar, mutilar e matar! Pois somente assim dão vazão ao que os consome por dentro. O Padre Antônio Vieira já dizia, há muitos séculos: o relacionamento entre as pessoas é como uma balança. Onde são pesados o lado bom e o lado mau de quem participa do relacionamento. Quando o lado mau da balança de um dos lados prepondera sobre o outro lado bom, é um péssimo sinal. Significa que uma dessas pessoas precisa, desesperadamente, se afirmar sobre a outra. Pois se assim não fizer, ela perde a referência de si mesma. Sabe que é uma merda tão grande (ops, não vamos xingar a merda. Até ela tem sua dignidade, pois serve de adubo!), que precisa destruir o outro, para se autoafirmar. E ai de quem estiver no caminho! Pessoa ou animal, vai levar as sobras. Fica a pergunta no ar: haverá tratamento, na medicina moderna, para a anusite? Infelizmente, creio que ainda não. Já fizeram um filme chamado "Garganta Profunda". Todos devem conhecer o enredo. Mulher nasceu com uma anomalia: o clitóris ficava dentro da garganta. Pois, se eu fosse cineasta, faria um filme chamado "Ânus Interiorizado". E mostraria essas pessoas, verdadeiras aberrações da natureza! Pois têm o ânus no lugar do coração! Pobre delas e, mais ainda, de quem conviver com elas!

segunda-feira, 18 de março de 2013

Telefraude


Telemarketing. A todo momento, invadem sua vida. Ligam para sua casa e para o seu celular, prometendo a rápida solução dos seus problemas. Você nada pede, mas, mesmo assim, as empresas adivinham seus problemas e lhe prometem a solução. Solução? Não. Se você aceita o serviço, confiando na pronta disponibilidade dele, se decepcionará mais tarde. Pois basta conferir se o serviço está funcionando, logo depois de aceito. Não está. Mas como? Já não foi enviado o email de confirmação da aceitação do serviço, logo após a chamada do telemarketing anunciando o dito cujo? Sim, já foi enviado. Mas quando efetivamente se telefona para obter o serviço prometido, a atendente informa que não é bem assim. Não, houve um erro no sistema e o contrato do novo serviço foi realizado, mas o cadastro não foi efetivado. Cabe a você, que não pediu o serviço e, ingenuamente, acreditou na sua disponibilidade, ligar para a central de atendimento, discar a opção x e informar o que está ocorrendo. Que o contrato já está em vigor, mas o cadastro não. Como é possível?

Não entendo a sociedade moderna. Promessas demais, serviços de menos. Cobranças demais, realizações de menos. Fraudes demais, punições de menos. Jamais, em toda a época da Humanidade, tivemos nossos desejos tão prontamente atendidos e das mais variadas formas possíveis. Porém, nunca fomos tão enganados e ficamos tão angustiados. Nunca houve tanta incompatibilidade entre o que se diz e o que se faz. Faça o que digo...
Pois bem, ligo para a central para, enfim, efetivar o cadastro e obter o serviço prometido. A linha está ocupada. Tudo bem. Ligo mais tarde, depois de algumas horas. Linha ocupada, novamente! E, depois, mais uma tentativa... Linha ocupada. Meu Deus, mas o que é isso? Era para ser uma solução, e virou um problema. Acho que o nome do serviço está errado. Não é telemarketing. O certo é telefraude ou teleproblema

terça-feira, 12 de março de 2013

Sociedade canibal

Vivemos na era da informação. Pelo menos, é o que se diz. E o que significa informação? Segundo o Aurélio, informação é conhecimento e participação. É transparecer, para quem não detinha a informação, o poder do conhecimento. Parece simples, não? Não tanto. Na era da informação, na sociedade em que vivemos, a informação assume múltiplas formas. Afinal, são tantos canais: internet, tv a cabo, telefonia móvel, sites, blogs, jornais, revistas... Porém, mesmo assim, não há o fundamental: a transparência. As informações são manipuladas, a todo momento. Ao ponto de uma empresa ter dois tipos de informação para prestar ao público: uma frontalmente contrária à outra. E o consumidor, que tem direito a essa informação, se vê perdido numa batalha para saber quem diz a verdade. Mas, enquanto isso, os pagamentos são feitos... A sociedade está incrivelmente doente, sem remédio ou tratamento que dê conta de tantos problemas. O declínio moral corrói toda a estrutura social, desde os níveis superficiais até os mais profundos. É a superestrutura corroendo a infraestrutura, num canibalismo sem fim. E, disso tudo, resulta a antropofagia do braço pendurado na janela do automóvel do atropelador. Bêbado, burlou a Lei Seca, com base nas informações postadas por internautas, eternamente espreitando o desmonte das blitzen. Encontrou o ciclista às 5 e meia da manhã. Atropelou e o braço do ciclista ficou pendurado na janela do carro. O atropelador não prestou socorro à vítima. Fugiu e, para completar o ritual antropofágico, jogou o braço num rio das redondezas. Consumir o braço, ele não consumiu. Mas consumiu a vida humana, que é bem pior. O ex-goleiro esquarteja a amante, mãe de um filho seu, e a joga aos cães. Outro canibal explícito. Fez consumirem por ele, quando a jogou aos cães. E o filho, por pouco, se livrou do destino da mãe. O advogado mata a ex-namorada, jogando o carro em que ela estava no rio. Antes, lhe alveja com dois tiros, um na mão e outro na mandíbula. Por que tanto canibalismo? Ainda segundo o Aurélio: canibalismo: antropofagia: ato de um animal devorar outro da mesma espécie ou da mesma família. E por que ele faz isso? Por que precisa tirar do outro, o devorado, a força que tem. Como não consegue, por ser fraco, covarde, incapaz e impotente, lhe tira a vida. Some com o seu braço. Atira sua carne aos cães. E vai dormir, tranquilo. Crente de que está mais forte assim. São as trevas devorando a luz! Quanto mais o homem está no mundo, e se afasta de Deus, mais corrompido ficará. Sodoma e Gomorra!