segunda-feira, 28 de maio de 2012

Relacionamentos na modernidade

Esse foi o tema da palestra feita pela psicanalista Sandra Niskier, semana passda, na Casa do Saber do CasaShopping. Show de bola. Ela falou sobre como a sociedade moderna se relaciona, basicamente, pelas redes sociais. Traçou uma comparação com as formas de comunicação antigas e, claro, falou da automatização da sociedade e de como essa intermediação da tela do computador entre o sujeito e o interlocutor tira a essência da verdadeira comunicação.
O que me fez lembrar da alegoria da caverna de Platão. A gente pensa que, só porque está usando o Facebook e se relacionando com os 493 amigos, está realmente se relacionando. Não está. Quantos casos de distorção da realidade o Facebook causa? Alguém pode colocar a foto de um casal numa festa e, só porque ele é visto junto, se deduzir que são casados e se publicar isto! Quando, na verdade, o sujeito é casado com outra pessoa. Ou, mesmo, a pressão do politicamente correto onipresente. Como quando o rapaz gay, cujas fotos íntimas com o parceiro foram publicadas à revelia no Facebook pelo colega, e que depois se suicidou. Que sociedade é essa? Doente com o narcisismo patológico e tendo que prestar contas dos atos mais triviais do cotidiano, ela se vê obrigada a contar para todos que foi à padaria comprar pão fresquinho, mas não tinha ainda. É como se o ser humano, capaz de independência e outras grandezas, se visse súbita e irremediavelmente condenado à pequenez de ter que se mostrar a todos, como um cão ávido pela aprovação. Como disse Sandra Niskier, preso ao cordão umbilical do outro. Assim, essa disponibilidade permanente vira fonte de angústia e ostentação. O autoconhecimento passa longe.

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